Estudo Eletrofisiológico Invasivo
O objetivo desta página é esclarecer o que é o estudo eletrofisiológico e demonstrar como ele é realizado. Este procedimento permite identificar e orientar o tratamento de alterações no ritmo cardíaco.
O Sistema Elétrico do Coração
O coração funciona como uma bomba eletromecânica. Para bombear o sangue, ele depende de um estímulo elétrico, geralmente gerado pelo nó sinusal, o marcapasso natural do corpo.
Em repouso, o nó sinusal gera de 60 a 80 pulsos por minuto, que são distribuídos para as células cardíacas por uma sofisticada rede chamada sistema de condução. Esse sistema inclui estruturas como o nó atrioventricular, o feixe de His e os ramos direito e esquerdo.
Alterações em uma ou mais dessas estruturas podem causar problemas graves, como:
- Taquicardias (ritmo acelerado do coração);
- Bradicardias (ritmo lento do coração).
Sintomas:
Palpitações, desmaios (síncopes), tonturas, cansaço, falta de ar, e dores ou opressão no peito.
Tipos de Arritmias
Taquicardias Supraventriculares
Ritmos rápidos (geralmente acima de 120 bpm), que incluem:
- Fibrilação atrial;
- Flutter atrial;
- Taquicardias atriais;
- Taquicardias nodais (como reentrada nodal);
- Taquicardias por vias anômalas (Síndrome de Wolff-Parkinson-White).
Taquicardias Ventriculares
Origem nos ventrículos, são mais perigosas que as supraventriculares.
Bradicardias
- Disfunção do nó sinusal: Diminuição dos batimentos devido a problemas no marcapasso natural; pode requerer o implante de um marca-passo artificial.
- Bloqueio atrioventricular: Distúrbio que afeta a condução elétrica e, em casos graves, pode necessitar de marca-passo definitivo.
O que é o Estudo Eletrofisiológico?
O estudo eletrofisiológico é um exame intracardíaco que identifica defeitos no sistema elétrico do coração. Utiliza eletrodos guiados por raios X para capturar e registrar sinais elétricos.
Finalidades:
- Identificar causas de síncopes, tonturas e palpitações;
- Determinar a origem e o mecanismo das arritmias;
- Avaliar medicamentos antiarrítmicos;
- Testar o funcionamento de cardioversores-desfibriladores implantáveis.
Antes do Procedimento
- Suspender medicamentos específicos;
- Fazer jejum de 6 horas;
- Realizar exames pré-operatórios (sangue, eletrocardiograma);
- Preparar as áreas inguinal e torácica com depilação.
Como é Feito o Procedimento?
- Preparação: O paciente é internado e orientado pela equipe de enfermagem.
- Monitoramento: No centro cirúrgico, são conectados monitores para medir oxigênio, gases, pressão arterial e frequência cardíaca.
- Anestesia: São aplicados medicamentos intravenosos e anestesia local.
- Introdução dos Eletrodos: Através de punções em veias ou artérias (inguinais e infraclaviculares), os eletrodos são guiados até o coração por radioscopia.
- Registro e Análise: Os sinais elétricos captados pelos eletrodos ajudam a localizar as arritmias.
Duração: Aproximadamente 1 hora.
Após o exame, é feita compressão no local da punção, sem necessidade de pontos.
Riscos e Complicações
Embora seja um procedimento seguro, podem ocorrer:
- Hematomas: Resolvem-se facilmente com repouso.
- Trombose: Risco reduzido com medidas preventivas, especialmente em casos de fatores predisponentes como tabagismo ou uso de anticoncepcionais.
- Infecção: Muito raro, especialmente em ambiente cirúrgico. Antibióticos profiláticos são utilizados.
Após o Procedimento
- Cuidados no local: Apenas curativo compressivo, sem necessidade de pontos.
- Repouso: Permanecer deitado com a perna imobilizada por 4 a 6 horas.
- Alimentação: Liberada após algumas horas.
- Alta: Retorno ao trabalho em até 3 dias, com orientações detalhadas para cuidados domiciliares.
Retorno ao Médico
O paciente deve levar o relatório completo ao médico que solicitou o exame. Esse relatório, que inclui fotos dos pontos mapeados, é essencial para o acompanhamento clínico.